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Arquitetos: Steven Holl Architects
- Área: 33000 ft²
- Ano: 2020
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Fotografias:Paul Warchol
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Fabricantes: WACOTECH
Descrição enviada pela equipe de projeto. Implantado em pleno coração do histórico Campus do Franklin & Marshall College de Lancaster, Pensilvânia, o novo Edifício das Artes Visuais de Inverno se revela na forma de um pavilhão elevado que parece flutuar em meio a um parque. Formalmente, o edifício se revela como um volume sólido esculpido pela projeção das copas das imensas árvores que há mais de duzentos anos habitam este território. Concebido como um novo ponto de referência para toda a comunidade acadêmica do Franklin & Marshall College de Lancaster, o edifício projetado pela Steven Holl Architects visa estimular a energia criativa dos alunos e professores.
Criando um Sentido de Lugar. Inspirado pelo lema da Universidade, Lux et Lex, a mais nova incorporação ao Departamento de Arte, História da Arte e Cinema do Franklin & Marshall College foi concebida como uma estrutura “leve” e quase etérea, contrastando fortemente com o “peso” da arquitetura histórica deste campus inaugurado ainda em 1856. Conectando-se com eixo monumental principal da Universidade, uma rampa conduz os visitantes até o acesso do edifício no segundo pavimento, bem em frente ao recém inaugurado ‘Quarteirão das Artes’ do Franklin & Marshall College. A partir de sua localização privilegiada junto a porção sul do campus, o edifício projetado pela Steven Hall Architects está se transformando em um novo destino e ponto de encontro para a comunidade local.
Exuberantes árvores de mais de duzentos anos, sem dúvida os elementos mais antigos à serem estabelecidos neste campus de mais de 20 hectares, foram incorporadas no projeto como elementos conceituais e geradores da geometria do edifício. Como uma estrutura que se pretende leve e destacada do solo, o nível principal encontra-se elevado, liberando uma maior área permeável no térreo e causando o mínimo impacto possível nas raízes das árvores centenárias. A noite, a imagem deste edifício suspenso, refletida sobre a superfície do espelho d'água, adiciona uma atmosfera ainda mais abstrata e incorpórea ao projeto como um todo.
Um Espaço Inspirador para Aprender e Ensinar Arte. O Edifício das Artes Visuais de Inverno, com seus mais de 30.000 metros quadrados foi concebido como o novo centro de criatividade do campus. Através de um programa aberto e espaços inclusivos, o edifício convida os alunos de diversas áreas de concentração à colaborarem entre si no desenvolvimento de uma série de projetos artísticos. No térreo, o fórum público e os espaços expositivos acessíveis oferecem à comunidade de Lancaster uma oportunidade de aproximarem-se do cenário artístico-cultural da Universidade. Os ateliês de escultura, onde geralmente os alunos trabalham com objetos bastante pesados, foram implantados junto ao pátio das esculturas e a área de carga e descarga do edifício no térreo. Os laboratórios digitais, por sua vez, foram locados no nível inferior do edifício devido à uma maior necessidade de controle da iluminação.
Os estúdios localizados no segundo pavimento—desenho, design, gravura, pintura, marcenaria e cinema—encontra-se dispostos em torno de uma área de uso comum, utilizada por todos os alunos da escola como um ambiente informal de apresentação. Todos os ateliês desfrutam de uma iluminação natural abundante, principalmente devido às fachadas translúcidas do edifício e também as dezenas de clarabóias localizadas na cobertura. Áreas técnicas e espaços de reuniões assim como a sala de aula utilizada pelos alunos de história da arte estão situados no mezanino, o qual usufrui de uma vista esplendida para os ambientes de produção dos ateliês, preenchendo parcialmente o pé-direito monumental do interior do edifício.
Prática e Inovação. A estrutura leve em aço do edifício—do tipo ‘box-kite’—que se apoia em duas bases retangulares de concreto no térreo, permitiu aos arquitetos explorarem balanços generosos, concebendo uma geometria complexa com precisão e economia. Elementos estruturais compostos por treliças metálicas foram então incorporados nas paredes do segundo pavimento, os quais suportam os monumentais tubos de aço que sustentam a cobertura do edifício. Com o principal objetivo de facilitar os processos de montagem e construção da estrutra, todo o projeto foi desenvolvido utilizando tecnologias BIM e modelos paramétricos. A estrutura da cobertura encontra-se propositadamente exposta por baixo do forro de madeira, revelando sua complexa geometria. Sobre esta trama tubular se apoiam as pranchas de madeira do forro criando um teto de inclinação suave e elegante.
Excelência Ecológica. As paredes curvas que compõe a fachada translúcida do edifício foram executadas em um sistema de vidro estrutural duplo de perfil ‘U’, preenchidos com uma camada de isolamento translúcido de alto desempenho térmico e índice de transmitância de 19%—ideal para este tipo de espaço. A abundante iluminação natural somada a estratégias passivas de ventilação e controle de temperatura são algumas das abordagens utilizadas que levaram o edifício a receber a certificação LEED Gold.
É importante ressaltar que nenhuma árvore pré-existente no terreno teve de ser removida para a construção do edifício, sendo que todas as raízes foram protegidas durante as obras. Todo este cuidado se faz evidente quando observamos a geometria da envoltória do edifício, a qual foi esculpida de forma a preservar as chamadas linhas de gotejamento das árvores. Desta forma, a principal preocupação da equipe do projeto foi manter e preservar as plantas nativas, impactando o mínimo possível na paisagem natural pré-existente do Campus do Franklin & Marshall College de Lancaster.
Ar, Luz e Áreas Verdes na Era Post Covid. Inaugurado recentemente, o Edifício das Artes Visuais de Inverno já encontra-se em pleno uso. O projeto, que incorpora algumas das principais filosofias de design características do estúdio de Steven Holl, adapta-se naturalmente às novas necessidades impostas pela crise sanitária de COVID-19, como as principais regaras de distanciamento social e purificação de ar. Além disso, o edifício oferece generosos espaços de trabalho e circulação, contando com duas entradas independentes em níveis diferentes—permitindo assim a criação de um fluxo unilateral se necessário. Finalmente, sua arquitetura encontra-se profundamente enraizada no ambiente natural deste campus que mais se parece com um parque, um edifício esculpido pela e para a natureza.